CURRICULUM
Nuno Amieiro é licenciado em Desporto e Educação Física pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com especialização em Futebol de Alto Rendimento, possuindo também os diplomas UEFA A e UEFA ELITE YOUTH A. É autor do livro “Defesa à Zona no Futebol. Um pretexto para reflectir sobre o «jogar»… bem, ganhando!” e co-autor do livro “Mourinho – Porquê tantas vitórias?”. Já escreveu para a revista Treino Científico e assinou uma coluna semanal na revista Record DEZ do jornal Record. Tem vindo a ser orador convidado em várias conferências nacionais e internacionais, onde lhe tem sido possível falar sobre duas grandes paixões, o Futebol e a Periodização Táctica. Iniciou o seu percurso como treinador na época de 2000/2001 e, desde então, já trabalhou no Futebol de Formação e no Futebol Profissional, em Portugal e no estrangeiro. É actualmente o treinador principal da equipa de Sub-17 do Anadia FC.
O exercício de treino aos olhos do enquadramento conceptual e metodológico da Periodização Táctica
Quaisquer que sejam os motivos que nos façam entrar no mundo da Periodização táctica, essa viagem implica, obrigatoriamente, estabelecer como “casa de partida” o Morfociclo semanal. O entendimento do que é o Morfociclo e o porquê de ter de ser padrão é condição fundamental para que se consiga mergulhar a fundo num enquadramento conceptual e metodológico que rompe claramente com o convencional. É por aí, portanto, que começo uma reflexão que tem como destino final o exercício de treino, para mim a ferramenta essencial a utilizar na construção de um qualquer jogar.
Partindo da constatação de que cada treinador tem uma ideia para o jogar da sua equipa, seja ela mais ou menos rica, esteja ela mais ou menos sistematizada, é esse o grande referencial no caminho a percorrer para dar corpo e expressão regular ao jogar que pretende. Com efeito, a aquisição de uma forma de jogar concreta requer tempo e um processo. Só assim aquilo que começa por ser um plano de intenções, um tomar partido, pode vir a ser, de facto, algo que se manifesta com regularidade em campo e revela uma identidade, um padrão de organização.
É deste hiato entre o modo como o treinador pretende que a sua equipa jogue e o modo como ela vai jogar regularmente que emerge a pertinência da questão do COMO TREINAR UMA IDEIA DE JOGO. E é aqui que, para mim, a Periodização Táctica se destaca das restantes metodologias de treino e se revela o melhor meio metodológico para chegar ao futebol de cada um.
Na realidade, entendo que só a Periodização Táctica colmata verdadeiramente esse hiato, pois só esta metodologia de treino estabelece ligação permanente entre os dois lados da equação: a ideia e o processo, o mesmo é dizer, a ideia e a sua operacionalização. Com ela, todo o processo é orientado para e pela operacionalização de um jogar concreto. Partindo da premissa de que a vivenciação e experienciação são condições fundamentais para a aquisição (leia-se incorporar ou enraizar) de uma ideia de jogo, ela coloca a ênfase na (inter)acção intencional e partilhada pelos vários elementos que compõem a equipa. Trocando por miúdos, se temos 90 minutos de treino, vamos estar a maior parte desse tempo a treinar o nosso jogar e não quaisquer outros aspectos que se pense poderem ajudar esse jogar.
Ora, exigindo que se tome partido por um jogar e que se perspective o processo de treino totalmente direccionado para a sua aquisição, a Periodização Táctica configura e leva a efeito o processo periodizando a sua concretização jogo a jogo. É este espaço temporal que baliza o Morfociclo Padrão, o núcleo duro de todo o processo. A célula-mãe que padroniza a lógica processual e que, na repetição sistemática, modela esse jogar. Mas, para mergulhar a fundo na lógica do Morfociclo Padrão, é necessário compreender mais alguns aspectos que o ajudam a estruturar.
Começo por salientar que é imperativo perceber que um jogar concreto contém diferentes partes, umas maiores e mais complexas, outras menores e menos complexas, mas todas elas ligadas e implicadas no colectivo. Reconhecer a existência destas partes é importante para um melhor sistematizar da ideia de jogo que se tem, mas sobretudo para a sua correcta operacionalização. O incidir nas partes, sem perda de articulação com o todo, permite-nos fazer crescer o jogar, salvaguardando-nos do desgaste que o treinar o jogar todo implica. Algo que, como veremos a seguir, é crucial para o calibrar da relação desempenho-recuperação.
Com efeito, nesta teia complexa que é o fabricar um jogar, o engendrar do processo torna-se ainda mais complexo quando, ao periodizar jogo a jogo, nos deparamos com a necessidade de se estar fresco para treinar e competir. Trata-se de gerir eficazmente a relação desempenho-recuperação e essa dupla necessidade de, por um lado, a equipa ter de recuperar do desgaste do jogo anterior e chegar fresca ao jogo seguinte, capaz de novo desempenho de máxima exigência, e, por outro, continuar a fazer evoluir os desempenhos colectivos e individuais.
Tendo em mãos esta gestão sensível, mas absolutamente necessária, da relação desempenho-recuperação, é imperativo reconhecer que só 4 dias após um jogo a equipa está em condições de realizar novo desempenho de máxima exigência. Este facto, muitas vezes negligenciado, é facilmente comprovado pela sensibilidade empírica de treinadores e jogadores que enfrentam densidades competitivas elevadas e encontra justificação em vários estudos científicos recentes. E é de grande relevância para o modo como se preenchem os vários dias de treino que estão entre dois jogos. Ou seja, para o correcto calibrar da relação desempenho-recuperação não podemos incidir todos os dias no jogar todo. Se todos os dias jogarmos (em treino) o jogar todo, no dia do jogo não seremos capazes de jogar com a máxima qualidade o jogo todo, por estarmos cansados. Reconhecê-lo é condição obrigatória para manusear ajustadamente os conteúdos de cada Morfociclo, sendo que a sua operacionalização implica perceber com que partes de um jogar se preenchem os diferentes dias que o compõem.
O Morfociclo é, então, como já tínhamos avançado, o núcleo duro de todo o processo, uma espécie de representação micro da metodologia de treino que lhe está subjacente. Visa criar, pela repetição sistemática da sua forma (leia-se lógica processual), uma adaptabilidade concreta, específica do jogar que se pretende. A pertinência e capacidade modeladora do Morfociclo resulta da sua presença continuada ao longo de toda a época, da primeira à última semana. Um padrão que, ao ser vivenciado e experienciado de forma regular e ao ser representativo de uma forma de jogar, permite a estabilização dos desempenhos individuais e colectivos.
Em suma, o Morfociclo é, concomitantemente, o responsável pela articulação de sentido entre a ideia e o processo, tendo como fim o alimentar do crescimento de uma forma de jogar concreta, e o garante da correcta dinamização da relação desempenho-recuperação, para que a equipa se apresente fresca e espontânea em cada momento de competição. A sua presentificação, semana após semana, torna viável e exponencia a co-evolução colectiva e individual face ao esboço inicial, a ideia para o jogar da equipa.
Ora, no fim de contas, o know-how subjacente à problemática da operacionalização do Morfociclo entra em jogo com a invenção e concretização dos EXERCÍCIOS DE TREINO, da forma mais conveniente e no momento justo.
- Um CONTEXTO de vivenciação e experienciação
Para o correcto enquadramento de um qualquer exercício de treino na lógica metodológica da Periodização Táctica, temos de começar por perceber que este tem de ser muito mais do que a sua configuração estrutural. Não se pode esgotar num «esquema» ou «forma», uma espécie de receita, que remete para um determinado espaço e que é levado a efeito por x jogadores durante x tempo, com um conjunto mais ou menos alargado de condicionantes.
Efectivamente, mais do que algo que se propõe à equipa, o exercício é algo que acontece. Quero com isto dizer que o exercício só existe verdadeiramente no momento da sua concretização, ao emergir enquanto contexto resultante da interacção de três elementos fundamentais: o treinador, os jogadores e a sua configuração estrutural. É da interacção destes três elementos que o exercício emerge como um todo, como um contexto catalisador de uma certa dinâmica, portanto, um contexto de vivenciação e experienciação. Perspectivar um exercício de treino dentro da lógica da Periodização Táctica é perspectivar um contexto de vivenciação e experienciação.
Naturalmente, e como veremos mais à frente, falamos de um contexto específico, representativo de um jogar concreto, ou parte(s) dele, e que requer, por isso, uma articulação de sentido para que o processo tenha o viés do jogar que se pretende.
O treinador e as suas preocupações do momento
No que toca ao treinador, ele terá de ser o grande catalisador do que pretende para o jogar da equipa, o mesmo é dizer, daquilo que imaginou em termos de futuro e que, no enquadramento metodológico da Periodização Táctica, sobrecondiciona todo o processo. É aqui que entra em jogo a pertinência da sua intervenção, do modo como vai gerir o contexto que idealizou (leia-se exercício) e que, no momento, vai fazer acontecer. E perceba-se que a sua intervenção é crucial no durante, no modo como vai ser capaz de gerir as circunstâncias e a dinâmica emergente, mas também no antes e no depois, isto é, no modo como «no antes» consegue trazer para o momento (para a cabeça dos jogadores) as preocupações que hierarquizou e elegeu como prioritárias, e no modo como «no depois» reajusta a sua acção catalisadora para haver continuidade sem perda de sentido e de viés no processo.
Enquanto líder emocional e gestor da dinâmica emergente, tem de ter uma postura apaixonada e contagiante no que toca à ideia que tem para o jogo. É imperativo que não seja neutro no processo. No momento da concretização que, repito, tem um antes, um durante e um depois, a sua postura relativamente à IDEIA, e às ideias que dela derivam, não pode ser como se de uma questão de vida ou de morte se tratasse, tem de ser muito mais do que isso! Para os jogadores a incorporarem como postura, ela tem primeiro de ser postura na figura do treinador.
Por outro lado, tendo consciência de que cada momento do processo é único e permeável às circunstâncias várias que rodeiam o dia a dia de um clube, e que umas vezes o ajudam e outras o dificultam, o treinador tem também de estar permanentemente desperto para o equacionar de todas as variáveis que nele interferem e o condicionam. Por exemplo, poderá não ser o mesmo usar determinada configuração estrutural após uma vitória ou uma derrota, no início do treino ou na parte final, com altas temperaturas, chuva ou frio, entre muitas outras questões que, por terem peso circunstancial no processo, têm de ser consideradas.
Os jogadores e as suas preocupações conscientes
Os jogadores são também uma peça fundamental da engrenagem e, aqui, o mais importante é, por um lado, estarem focalizados nas preocupações do momento, «injectando-lhes» uma dada intencionalidade, isto é, um conjunto de intenções prévias que funcionarão como farol ou radar e, por outro, terem autonomia no confronto repetido com o contexto e as suas circunstâncias.
Estarão assim reunidas duas condições essenciais para que o incorporar (leia-se somatizar) dessa intencionalidade aconteça e se adquira o padrão de escolhas que, na regularidade, dará uma invariância identitária à equipa. Lembro aqui uma ideia muito querida à Periodização Táctica: o hábito de jogar de uma determinada maneira é um saber fazer que se adquire na (inter)acção intencional e dirigida.
A configuração estrutural
No que diz respeito à configuração estrutural do exercício, ela não é mais do que a forma que julgamos mais conveniente e necessária para uma certa dinâmica ou funcionalidade surgir. Essa forma ou configuração estrutural é passível de ser moldada através do manuseamento cuidado de variáveis como o espaço de jogo, o número de jogadores, as regras de funcionamento, entre muitas outras. Mas vejamos um exemplo concreto muito simples: se pensarmos numa situação jogada com 5 jogadores de campo e 1 guarda-redes de cada lado e a concretizarmos em 3 espaços diferentes, fazendo variar unicamente as dimensões dos espaços de jogo (um campo é mais largo do que comprido, o outro mais comprido do que largo, e o último um quadrado de dimensões muito reduzidas), facilmente constataremos três dinâmicas emergentes bastante distintas entre si.
Assim sendo, a chave do segredo no que toca a este ponto estará no saber escolher as variáveis condicionais mais pertinentes e no manuseá-las de forma o mais ajustada possível, para que o contexto que daí resulte seja catalisador do que se pretende. Porque, como veremos a seguir, para a Periodização Táctica o exercício de treino não é apenas algo que acontece, é também algo que faz acontecer.
- Um contexto COM PROPENSÃO
Como fui tentando tornar evidente, ao emergir como contexto de vivenciação e experienciação, o exercício de treino só tem sentido e significado para o processo se tiver correspondência entre aquilo que vai estar a acontecer e aquilo que o treinador quer para o jogar da sua equipa. Nesse sentido, o contexto (leia-se exercício) tem de ser específico, isto é, tem de ter o viés do que se pretende e, independentemente da escala de organização em que se situe, tem de ser um forte catalisador disso mesmo. Tem de ter uma propensão que faça acontecer, o mesmo é dizer, tem de fomentar uma dinâmica concreta, uma funcionalidade específica, mais macro ou mais micro, mas sempre representativa do jogar que se deseja.
É por esta razão que não falo em contexto de exercitação, algo que pode dar a ideia de exercitação avulsa, abstrata, geral, mas em contexto de vivenciação e experienciação e em contexto com propensão. Mais do que algo que se propõe à equipa, o exercício de treino é algo que acontece e faz acontecer, em função daquilo que o treinador quer que aconteça. É, na sua essência, emergente e catalisador de uma forma de jogar concreta. Da sua funcionalidade e da sua estruturalidade, como veremos mais à frente.
No fundo, refiro-me à necessária calibragem do contexto de modo a que este adquira os contornos necessários ao aparecimento de uma densidade significativa das coisas concretas que se pretendem vivenciar e experienciar. Vejamos um exemplo muito simples: se pretendermos melhorar um qualquer aspecto, seja ele mais macro ou mais micro, relativo ao modo como perspectivamos o momento de transição defensiva, portanto, relativo ao «o que fazer quando perdemos a bola», uma das primeiras coisas em que teremos de pensar para que o contexto seja propenso prende-se com este ter que originar frequentes perdas de bola, pois só assim conseguiremos incidir repetidamente sobre a resposta à perda que desejamos para a equipa.
No entanto, esta calibragem do contexto tem também de acontecer respeitando um pressuposto fundamental: a permanente correspondência com o padrão de solicitação implicado nos desempenhos do jogar que se pretende. Com efeito, temos também aqui de saber mexer muito bem, «estar como peixes na água», para que a dinâmica processual implicada no concretizar de cada Morfociclo resulte, de facto, na padronização de uma funcionalidade assente na estruturalidade que lhe corresponde, ou seja, uma forma de jogar concreta. Criar uma propensão é calibrar o contexto para que este fomente uma dinâmica, mas uma dinâmica «inteira», isto é, não apenas uma funcionalidade mas também a estruturalidade (bioquímica, neuromuscular, anatómica,…) em que esta assenta. Para ser específica do jogar que se pretende, a dinâmica tem de incluir não apenas a dimensão táctica, mas também todas as demais dimensões que, num entrelaçado específico e singular, lhe dão vida. Só assim garantimos a especificidade da adaptabilidade e, com isso, ganhos na aquisição desse jogar.
O cumprir deste pressuposto é um imperativo metodológico qualquer que seja a escala em que estejamos a incidir e, na prática, no que toca à dimensão bioenergética, trata-se de dar oportunidade de manifestação aos mecanismos bioenergéticos que devem estar presentes regularmente para que o esforço de desempenho seja levado a efeito. É este um dos motivos para a fraccionação do treino e dos exercícios no enquadramento processual da Periodização Táctica, o que não é mais do que o dosear cuidadosamente dos tempos de esforço e, sobretudo, dos tempos de intervalo, para que aquilo que se faz em treino não belisque o padrão bioenergético do jogar que se deseja. Entenda-se que é através da presentificação da «teia metabólica» que dá vida ao jogar que é possível direccionar a adaptabilidade.
Ainda no que toca ao correcto entendimento do equacionar o calibrar de uma propensão, interessa perceber que me refiro a uma propensão para um «tema», sendo um erro, grave, perspectivá-la como se de um «ditado» se tratasse. De facto, esta é talvez a melhor analogia que posso aqui utilizar: a grande tarefa do treinador é «dar o tema» aos jogadores e, depois, dar-lhes a autonomia necessária para que possam «escrever a redacção» com espaço para o improviso e a criatividade. O treinador deve ter sempre presente a máxima da Periodização Táctica que nos lembra que o jogador deve ser livre de agir sem agir livremente. Ou seja, os jogadores têm de ser livres de agir para gerirem o contexto e as suas circunstâncias imprevisíveis, mas sem que seja à revelia das ideias para o jogar da equipa e é nesse sentido que se devem entender os princípios de jogo como mediadores ou reguladores do que está a acontecer, no sentido de padronizar as escolhas em função do viés que se quer para o jogo, o mesmo é dizer, em função do modo como o treinador quer que a equipa jogue. Daí o dizer-se que os princípios de jogo têm de ser simultaneamente abertos e fechados. Abertos às circunstâncias imprevisíveis de cada aqui e agora, mas fechados a uma matriz ou configuração macro.
- Um contexto DE JOGO
Vimos até ao momento que o exercício de treino é, à luz da Periodização Táctica, um contexto de vivenciação e experienciação, com propensão. Falta-me abordar a problemática relativa a este ser, também, jogo, condição que, não sendo forçosamente obrigatória, tem de ser claramente dominante em cada um dos dias do Morfociclo.
Começo por salientar que, também aqui, é evidente o afastamento em relação ao modo de pensar convencional, onde, grosso modo, para «ser jogo» é necessária a presença de balizas e de duas equipas em confrontação. Com efeito, no enquadramento da Periodização Táctica, criar um contexto de jogo não implica que este tenha, necessariamente, a totalidade do jogo (e a totalidade do nosso jogar). Ele pode até ter apenas um instante do jogo, aspecto particularmente importante para o correcto calibrar dos treinos de quarta e de sexta-feira. Naturalmente, algo do jogar que se pretende, por mais micro que seja, tem também de estar presente para que possamos falar em especificidade.
No enquadramento metodológico em questão, o «ser jogo» implica a presença de três elementos: oposição, imprevisibilidade e competição. Oposição é, aqui, constrangimento espaço-temporal, não implicando, necessariamente, a presença de adversário(s). Imprevisibilidade é garantir que a configuração do contexto pressupõe algo de incontrolável e imprevisível (se puder acrescentar mais disto, melhor!), já que é num contexto aleatório e imprevisível, mas propenso, que se aferem critérios e ajusta o padrão de escolhas dos jogadores. E recordo aqui mais uma ideia-chave desta metodologia de treino: a estrutura acontecimental do treinar tem de reflectir a natureza da estrutura acontecimental do jogar. Competição significa que, no que vai ser levado a efeito, alguém vai ganhar e alguém vai perder, e perceba-se que o «dar o máximo» para tentar ganhar traz coisas para o contexto que de outro modo poderiam não estar presentes. Refiro-me à importância de se estar «inteiro» nas situações, portanto, com envolvimento emocional.
Em suma, quando se alerta para a importância de, em treino, se ter o cuidado de reduzir sem empobrecer, é no sentido de se ter estes três elementos em linha de conta na hora de inventar um qualquer exercício de treino. Trata-se de equacionar o incidir nas partes sem perda de articulação com o todo. O todo que é o jogo e o todo que é o jogar da equipa.